Viver com a dor
Quando estás bem, sentes-te ótima, a moinha está lá mas consegues fazer tudo e queres fazer tudo duma vez. Não deves, pois no dia seguinte não te irás mexer.. mas queres aproveitar enquanto tens forças, enquanto consegues.
Quando estás numa crise, essas forças vão-se. Essa energia desaparece. Acordas já de rastos. Não tens forças para mexer o corpo. Ordenas que ele se mexa mas não te obedece. Sentes como se esse corpo não te pertencesse. Não reaje às tuas ordens.
Por vezes é um formigueiro que te adormece os membros; outras uma dormência e uma sensação de que não podes tocar ou simplesmente encostar-te em lado nenhum... gostarias de poder levitar, talvez assim não sentisses nada!
Sentes um cansaço extremo permanente que não podes explicar. Os teus olhos pedem para se fechar e o teu corpo pede para te deixares estar. Sentes-te constantemente irritada, baralhada, com a cabeça em água! Esqueces-te de tudo. Sentes um peso em cima como se carregasses um tanque às costas. Um simples toque torna-se insuportável, um pequeno ruído, a vibração do carro, um bater de dedos... penetra-te pelo sistema nervoso como um choque eléctrico. O frio congela-te e queima-te ao mesmo tempo, e não sabes explicar como! Sentes uma dor constante que te faz desejar arrancar partes do corpo para a fazer desaparecer!
Quando a dor não passa e as "drogas" que tomas parecem não fazer qualquer efeito queres chorar, gritar! Quando a dor te prende os movimentos tens medo que um dia te deixes de conseguir mexer, de conseguir conduzir, de conseguir segurar os teus filhos no colo...
Todos os dias sentes algo diferente. Todos os dias esperas que seja um dia bom, sem dores, sem cansaço; queres poder sentir-te bem! Todos os dias acordas a pensar como será esse dia!